Decorreu no passado dia 30 de abril a cerimónia de lançamento do Atlas dos Morcegos de Portugal Continental no Centro Ciência Viva do Alviela. Dezenas de pessoas estiveram presentes num evento em que se destacou o papel dos mais de 150 voluntários do projeto.
A iniciativa teve início por volta das 16h00, com a intervenção de Fernanda Asseiceira, Presidente da Câmara Municipal de Alcanena e da Associação Centro Ciência Viva do Alviela. A autarca salientou a reabertura do CCVAlviela com novas valências e o facto do enfoque na temática dos morcegos tornar este local como o ideal para receber o evento. Asseiceira referiu ainda o facto de o CCVAlviela ser um dos finalistas do prémio Natura 2000, nomeadamente pelo Observatório de Morcegos Cavernícolas, o Quiroptário recentemente atualizado e a já conhecida Noite dos Morcegos. A Presidente de Câmara destacou ainda a importância dos parceiros do projeto, o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), o Instituto Politécnico de Leiria (IPL) e a Ciência Viva – Agência Nacional para a Cultura Científica e Tecnológica.
Ana Noronha, diretora executiva da Ciência Viva – Agência Nacional para a Cultura Científica e Tecnológica referiu que os objetivos comuns de todos os Centros da Rede Nacional – a divulgação científica - se cruzam também com a sensibilização ambiental e, neste ponto, Noronha realça o papel do CCVAlviela na preservação da água, do carso e dos morcegos. Na verdade, a proeminência deste Centro na área da preservação e sensibilização dos morcegos tem sido muito visibilizada a nível europeu.
Miguel de Castro Neto, Secretário de Estado do Ordenamento do Território e da Conservação da Natureza, parabenizou os autores do Atlas (individuais e coletivos) que “de forma voluntária abraçaram o projeto”. O Secretário de Estado valorizou o papel do ICNF e o empenho dos seus funcionários, bem como a colaboração com a Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. Miguel de Castro Neto sublinhou ainda a quantidade de referências bibliográficas do Atlas, que evidencia um grande trabalho de investigação, e realçou a presença na Eurobats. Para o Secretário de Estado, o primeiro objetivo foi já conseguido: todos sabem que quiróptero é um morcego. Destaque ainda para a importância dos dados recolhidos, fundamentais para a tomada de decisão de valorização da biodiversidade e conservação dos ecossistemas.
Pedro Alves, coordenador regional do Atlas dos Morcegos de Portugal Continental, frisou o facto de antes de 1970 existirem registos escassos sobre os morcegos e explicou que o projeto teve início numa reunião técnica em janeiro de 2011, observando-se de imediato uma boa adesão dos técnicos, que realizaram trabalho de campo em 2011 e 2012.
Tiago Marques, também coordenador regional do Atlas, apresentou os resultados deste livro e evidenciou também o facto de reunir mais de 300 referências bibliográficas.
Luísa Rodrigues, do ICNF, apresentou o programa de monitorização de abrigos subterrâneos de importância nacional de morcegos, salientando que em 2004 o leque de voluntários para a recolha de informação sobre os morcegos aumentou, o que foi determinante para os resultados alcançados. No decorrer do trabalho de monitorização, os técnicos entram nos abrigos, fazem uma estimativa ou contagem do número de indivíduos por espécie, apontam a temperatura e humidade relativa, por vezes capturam os indivíduos e identificam a espécie, registando o peso, sexo e idade. Por vezes anilham também os indivíduos. Estão neste momento registados 76 abrigos de importância nacional e, segundo os dados recolhidos, sabe-se que o morcego-rato-pequeno é a espécie mais preocupante, enquanto o morcego-de-peluche é a espécie mais abundante dos morcegos cavernícolas. Luísa Rodrigues sublinhou ainda que o programa de monitorização português é um dos mais antigos e com maior duração.
Às intervenções seguiu-se um Porto de Honra e depois a visita ao Observatório de Morcegos Cavernícolas, onde o Secretário de Estado Miguel de Castro Neto se mostrou bastante curioso em relação ao comportamento dos morcegos em colónia. Posteriormente, realizou-se a visita às três salas de exposição interativas, Geódromo, Carso e Quiroptário, onde o Secretário de Estado teve oportunidade de experimentar alguns dos módulos interativos, divertindo-se a orientar-se como um morcego (apenas com a audição) ou a fazer chover sobre uma região calcária.
O Atlas dos Morcegos de Portugal Continental, integrado na campanha 2011-2012 Ano do Morcego , encontra-se à venda no ICNF por 8,00€.